O que é necessário para um jogo profissonal de futebol acontecer? Para muitas pessoas bastam dois times, 22 jogadores, dois técnicos, dezenas de repórteres e alguns vendedores ambulantes. Mas o que muita gente não sabe é que para uma partida acontecer é necessário o trabalho de uma equipe, que fica “nos bastidores” e faz de tudo para que o espetáculo do futebol aconteça. Na arena do Jacaré alguns personagens, que estão sempre no anonimato, são peças fundamentais na logística do estádio.
Locutora da Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais (Ademg) desde os 18 anos, a jornalista Pollyanna Andrade, é considerada a voz da "Ademg Informa". Começou em 1999, quando o então diretor da instituição resolveu inovar colocando uma voz feminina no estádio. Nesses quase 13 anos, Pollyanna acumula casos inusitados e histórias engraçacadas. "Certa vez, ligaram para a cabine da ADEMG e me pediram para anunciar para um torcedor presente no Mineirão que a mãe dele tinha morrido, que era pra ele ir embora. A pessoa queria de todo jeito que eu anunciasse isso no microfone do estádio! O que eu fiz foi pedir para o torcedor entrar em contato o seu pai". Como todo iniciante ela também cometeu algumas gafes no inicio de sua carreira. "Havia pouco tempo que eu trabalhava como locutora. O goleiro Fabiano, do América, havia levado um frango terrível. E chegou pra mim, uma solicitação de Utilidade Pública que dizia o seguinte: “Atenção, Fabiano, o seu amigo Frango o aguarda atrás do gol”. E eu, ingênua e, na época, inexperiente, falei! O estádio veio abaixo. Pude ouvir muitos risos", contou.A locutora ressaltou o prazer de exercer sua função e disse que, por diversas vezes, já foi reconhecida somente pela voz. "Acho graça e gosto muito desta identificação. Já aconteceu de ouvirem a minha voz num estabelecimento comercial e me identificarem como a locutora do Mineirão. É muito legal!"
Salvador de Freitas é funcionário da Ademg desde 1966. Começou trabalhando nas melhorias do estádio Mineirão, realizando pequenas obras e dando alguns retoques em muros, bilheterias etc, há 30 anos trabalha como maqueiro e desde 1980 é chefe de gandulas. “Não pode deixar o gandula “fazer cera” de jeito nenhum. A reposição de bola deve ser igual para todos”. Salvador conta da emoção de ver Pelé jogar e das conversas com Garrincha. “Vi Pelé jogar de perto, tive a chance de conversar com Garrincha, que era simples a ponto de tomar água no nosso filtro e contar histórias normalmente. Só tenho a agradecer por chances como essa”, disse.
Foi trabalhando como garçom em um restaurante que funcionava no Mineirão que Natalício da Costa, mais conhecido como Natal, começou sua historia com o futebol mineiro. Em 1980 foi contratado pela Ademg para ser motorista, e já em 1985 foi promovido a chefe de transportes. Por volta de 1996 iniciou a parceria com Salvador no carrinho de maca. “Agradeço a Deus por poder fazer o que faço e ter a chance de trabalhar aqui. Sou muito bem tratado por colegas da Ademg e pela imprensa, já que estamos sempre próximos, no mesmo ambiente”. Para Natal, um dos momentos mais marcante de sua carreira foi quando levou, no famoso carrinho, a cantora Beth Carvalho, na partida em que o Atlético retornou à elite do futebol brasileiro, com o Mineirão lotado. O maqueiro revelou também que um dos momentos mais difíceis foi quando o jogador Jorginho quebrou a perna. “No fim da decade de 80 a seleção brasileira estava hospedada na Toca da Raposa e foi treinar no Mineirão. Durante o treino o jogador quebrou a perna e tive que levá-lo de ambulância até a Toca, foi muito complicado”, disse.



